Sacroileíte
A Sacroileíte, inflamação da articulação que conecta o sacro ao osso ilíaco da pelve, compromete a transferência de peso do tronco para as pernas e causa dor incapacitante na região lombar e nádegas, irradiando para as pernas e simulando dor ciática. Sem tratamento adequado, a condição piora progressivamente, tornando atividades simples como sentar, levantar e dormir extremamente dolorosas. A inflamação crônica pode levar à rigidez, redução do espaço articular e, em casos graves, à anquilose (fusão óssea), deteriorando permanentemente sua qualidade de vida. O diagnóstico preciso por meio de exames clínicos e de imagem permite tratamentos eficazes, desde anti-inflamatórios e fisioterapia até infiltrações intra-articulares, controlando a dor e restaurando sua mobilidade.
O que é?
A Sacroileíte é uma condição médica que se caracteriza pela inflamação da articulação sacroilíaca, que é a articulação localizada na base da coluna vertebral, onde o osso sacro se encontra com o osso ilíaco da pelve. Essa articulação é responsável pela transferência de peso do tronco para as pernas, além de permitir a absorção de choques durante a movimentação.
Quais os sintomas?
Os sintomas da Sacroileíte incluem dor na região lombar e nádegas, que pode irradiar para as pernas e piorar ao caminhar (simulando a dor ciática), subir escadas ou permanecer sentado ou em pé por longos períodos. Também pode haver rigidez e dificuldade para movimentar-se, especialmente pela manhã, além de inchaço e vermelhidão na região afetada.
Quais as causas?
A Sacroileíte pode ter vários fatores como causa, como lesões, traumas, infecções, artrite reumatoide, espondilite anquilosante e outras doenças autoimunes. Também pode ocorrer durante a gravidez, quando o corpo passa por mudanças hormonais e físicas significativas.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da Sacroileíte geralmente envolve uma avaliação clínica completa, incluindo a análise dos sintomas e histórico médico do paciente, bem como exames de imagem, como radiografias, ressonância magnética e tomografia computadorizada. Em alguns casos, pode ser necessário realizar exames de sangue e cultura de fluidos corporais para determinar a causa subjacente da inflamação.
Exemplo de manobras dolorosas durante o exame físico.
Exemplos de exames de tomografia computadorizada, que exibem diversos graus de Sacroileíte.
- Grau 1 – normal
- Grau 2 – erosões e esclerose óssea
- Grau 3 – redução do espaço articular e anquilose parcial
- Grau 4 – Sinostose completa
Sacroileíte tem cura?
A Sacroileíte não tem uma cura definitiva, mas pode ser gerenciada com tratamentos adequados para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Quais os tratamentos?
Quando a sacroileíte é diagnosticada, o objetivo principal do tratamento é reduzir a inflamação, aliviar a dor e restaurar a função da articulação sacroilíaca. O plano de tratamento é sempre individualizado, levando em conta a causa da inflamação, a intensidade dos sintomas e as características de cada paciente.
Tratamentos conservadores
Medicação:
- Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Como ibuprofeno e naproxeno, são frequentemente a primeira linha de tratamento para reduzir a inflamação e a dor.
- Relaxantes Musculares: Podem ser prescritos para aliviar espasmos musculares que frequentemente acompanham a dor.
- Analgésicos: Para controle da dor, se os AINEs não forem suficientes.
- Medicamentos para Doenças Reumáticas: Se a sacroileíte for decorrente de uma espondiloartropatia (como espondilite anquilosante), o tratamento envolve medicamentos específicos para controlar a doença de base, como DMARDs (Drogas Modificadoras da Doença Antirreumáticas) ou Biológicos.
Fisioterapia:
- É um pilar fundamental no tratamento. O fisioterapeuta desenvolverá um programa que pode incluir:
- Exercícios de alongamento: Para aliviar a tensão nos músculos da coxa, glúteos e região lombar.
- Exercícios de fortalecimento: Para os músculos do “core” (abdominais e lombares) e glúteos, essenciais para estabilizar a pelve e a coluna.
- Técnicas de mobilização articular: Para restaurar o movimento normal da articulação sacroilíaca.
- Orientações posturais: Para melhorar a mecânica corporal em atividades diárias.
- Modalidades: Uso de calor, gelo, ultrassom e TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) para alívio da dor e inflamação.
Terapias Manuais:
- Osteopatia e quiropraxia podem ser consideradas para restaurar o alinhamento e a função da articulação, mas devem ser realizadas por profissionais qualificados e em conjunto com o tratamento médico.
Órteses e Suportes:
- O uso de uma cinta ou faixa sacroilíaca pode ajudar a estabilizar a articulação e reduzir a dor, especialmente durante atividades físicas.
Procedimentos Intervencionistas
Quando os tratamentos conservadores não proporcionam alívio adequado, procedimentos minimamente invasivos podem ser considerados:
- Infiltrações na Articulação Sacroilíaca (intra-articulares):
- Injeções de corticosteroides (anti-inflamatório potente) combinados com anestésicos locais diretamente na articulação sacroilíaca. Guiadas por fluoroscopia (raio-X em tempo real) ou ultrassom para garantir precisão, podem proporcionar alívio significativo da dor por um período.
- Dor crônica (> 3 meses)
- Diagnóstico clínico, com ou sem exame de imagem comprobatório
- Injeção de anestésico e corticosteróide local (normalmente uma aplicação é suficiente)
- Feita sob anestesia (sedação + local). O paciente não sente dor.
- Alta no mesmo dia
- Resultados máximos após 30 dias.
- Este procedimento utiliza ondas de rádio para gerar calor e “desligar” os nervos que transmitem a sensação de dor da articulação sacroilíaca. Oferece alívio duradouro para muitos pacientes que não respondem a outras terapia
Tratamento Cirúrgico
- Fusão da Articulação Sacroilíaca:
- A cirurgia de fusão da articulação sacroilíaca é considerada um último recurso, para casos de dor crônica e incapacitante que não responderam a nenhum outro tratamento conservador ou intervencionista.
- Consiste em estabilizar a articulação permanentemente, o que pode aliviar a dor, mas também elimina o movimento na articulação. Pode ser feita de forma minimamente invasiva (MIS-TLIF) ou aberta (Artrodese).
Como aliviar a dor da Sacroileíte?
O alívio da dor é um componente central do tratamento e, muitas vezes, é conseguido por uma combinação das seguintes estratégias:
- Medicação: Utilizar os analgésicos e anti-inflamatórios conforme a prescrição médica para controlar a dor e a inflamação.
- Aplicação de Gelo e Calor: Nas fases agudas, o gelo (por 15-20 minutos, várias vezes ao dia) pode ajudar a reduzir a inflamação. Em fases crônicas, o calor (bolsas de água quente, compressas mornas) pode relaxar a musculatura e aliviar a rigidez.
- Exercícios e Alongamentos Específicos: Seguir rigorosamente o programa de fisioterapia para fortalecer a musculatura de suporte e melhorar a flexibilidade, reduzindo a tensão na articulação.
- Evitar Posições e Atividades Agravantes: Identificar e evitar movimentos, posturas (como permanecer sentado em superfícies duras por muito tempo) ou atividades físicas que intensificam a dor.
- Uso de Cintas de Suporte: A cinta sacroilíaca pode proporcionar suporte e compressão, aliviando a dor durante o movimento.
- Técnicas de Relaxamento: Métodos como respiração profunda, meditação ou yoga podem ajudar a gerenciar a percepção da dor e o estresse associado.
- Infiltrações: Em casos de dor intensa e refratária, as infiltrações podem oferecer um alívio rápido e significativo, permitindo que o paciente participe mais efetivamente da fisioterapia.
É fundamental reiterar que a automedicação e o autotratamento não são recomendados. A dor na sacroilíaca pode ser complexa e exige uma avaliação precisa para um tratamento eficaz e seguro. Buscar a orientação de um especialista em coluna é o primeiro e mais importante passo.
Sacroileíte é grave?
A sacroileíte, por si só, não é uma condição com risco de vida. No entanto, ela é uma condição que pode ser extremamente debilitante e impactar significativamente a qualidade de vida do paciente. A dor crônica e a limitação de movimentos que ela provoca podem impedir atividades diárias simples, trabalho, sono e lazer. A gravidade está mais relacionada ao impacto funcional e à intensidade da dor do que a um risco direto à vida. Ela pode, em alguns casos, ser um sintoma de doenças inflamatórias sistêmicas, como as espondiloartropatias, o que exigiria uma investigação mais aprofundada.
O que acontece se a Sacroileite não for tratada adequadamente?
Quando a sacroileíte não é tratada de forma adequada, o quadro tende a se agravar. O paciente pode experimentar:
- Dor crônica e progressiva: A inflamação persistente leva a uma dor que se torna constante, refratária a analgésicos comuns e que pode irradiar para a virilha, quadril ou até mesmo para as pernas.
- Limitação funcional severa: Atividades como caminhar, sentar, levantar ou até mesmo mudar de posição na cama se tornam extremamente dolorosas, levando a uma perda significativa da mobilidade e independência.
- Deterioração articular: Em casos crônicos e sem controle da inflamação, pode haver um desgaste progressivo da cartilagem da articulação sacroilíaca, gerando alterações degenerativas que dificultam ainda mais o tratamento e a recuperação.
- Impacto psicossocial: A dor crônica pode levar a quadros de depressão, ansiedade, isolamento social e dificuldades no trabalho, afetando de forma abrangente o bem-estar do paciente.
Quando procurar um médico?
É fundamental procurar um médico especialista em coluna ou um reumatologista assim que os sintomas de dor na região lombar ou nas nádegas se tornarem persistentes, intensos, ou começarem a limitar suas atividades diárias.
Não ignore os sinais, especialmente se a dor:
- Não melhora com repouso ou analgésicos comuns.
- Piora ao levantar-se, subir escadas, ou após períodos sentados.
- Acorda você durante a noite.
- Está associada a outros sintomas, como febre, inchaço nas articulações ou perda de peso inexplicável.
Um diagnóstico precoce é crucial para iniciar o tratamento adequado e prevenir a cronificação da dor e o desenvolvimento de complicações.
A Sacroileíte pode ocorrer dos dois lados?
Sim, a sacroileíte pode ocorrer de forma unilateral (afetando apenas um lado) ou bilateral (afetando ambos os lados).
Quando a inflamação afeta apenas um lado, a causa geralmente é mecânica (trauma, sobrecarga, diferença no comprimento das pernas, etc.). Quando ocorre bilateralmente, é mais comum que esteja associada a doenças inflamatórias sistêmicas, como a espondilite anquilosante ou outras espondiloartropatias. A avaliação médica é essencial para determinar se a condição é unilateral ou bilateral e identificar a causa subjacente, o que guiará o tratamento mais eficaz.
Sacroileíte aposenta?
A Sacroileíte não é uma condição que leva automaticamente à aposentadoria, pois a gravidade dos sintomas e a capacidade de trabalhar dependem da severidade da condição e do tipo de trabalho realizado pelo paciente além de ser uma condição tratável.
Qual o CID?
A CID (Classificação Internacional de Doenças) da Sacroileíte é M46.1, que se refere a “A forma de apresentação mais comum na prática clínica é a degenerativa, sem causa secundária e tratável.
A espondilite anquilosante e outras espondiloartropatias em doenças classificadas em outra parte podem se manifestar com sintomas de sacroileíte. A Sacroileíte pode estar associada a outras condições reumáticas, como espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite reativa e doença inflamatória intestinal.